Gabriela Voskelis
Do UOL, no Rio
Do UOL, no Rio
Com o processo do impeachment da
presidente Dilma Rousseff (PT) avançando para apreciação do Senado, se aproxima
o momento em que os congressistas decidirão se ela continua ou não no cargo.
Caso Dilma perca seu mandato, quem assume o cargo é o vice-presidente, Michel
Temer (PMDB). Mas, nesse caso, quem assumiria a Vice-Presidência do país?
"Formalmente, não existirá vice.
Na prática, o sucessor do presidente será Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no papel de
presidente da Câmara dos Deputados", explica Daniel Vargas, professor de
direito constitucional da FGV (Fundação Getúlio Vargas) Rio. "Em caso de
vacância definitiva, causada por falecimento ou renúncia, Cunha assume e são
convocadas novas eleições."
O presidente da Câmara seria o
primeiro na fila de sucessão para ocupar a Presidência interina em casos como
viagens ou enfermidades que obrigassem Temer a se afastar do cargo. Depois
dele, estão o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o presidente
do STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandowski. A Consituição não
prevê mais ninguém na linha sucessória.
"Essa linha sucessória não é
personalizada, ela está diretamente relacionada ao cargo que eles ocupam",
afirma o cientista político do IFCS (Instituto de Filosofia e Ciências Sociais)
da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Isso significa que, se
Eduardo Cunha deixar de ser o presidente da Casa, muda também o nome do
substituto de Temer. Atualmente, o 1º vice-presidente da Câmara é Waldir
Maranhão (PP-MA).
"Em um país como o Brasil, onde a taxa de não
finalização de mandatos é tão elevada, é preciso escolher muito bem quem será
eleito vice-presidente#
Daniel Vargas,
professor da FGV Direito Rio
Quando Itamar Franco assumiu a
Presidência em 1992, após o impeachment de Fernando Collor de Mello, por
exemplo, ele se ausentou em dez ocasiões diferentes, sendo substituído
primeiramente pelo hoje deputado estadual Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), que foi
presidente do Brasil por um dia, em 20 de novembro do mesmo ano.
Pinheiro teve o mandato cassado em
1994 no escândalo dos Anões do Orçamento e ficou inelegível por oito anos por
quebra de decoro parlamentar. Foi então substituído por Inocêncio Oliveira
(PR-PE) na presidência da Câmara. Oliveira esteve no papel de presidente da
República em nove ocasiões, totalizando 30 dias no cargo.
Que diferença faz?
O fato de existir uma vacância no
cargo de vice-presidente não traz, no entanto, impactos práticos à
administração do país. "A função do vice é assumir o cargo de presidente
quando o mesmo se ausenta", explica Daniel Vargas, ressaltando que essa
atribuição não deixaria de ser cumprida. "Em tese, o vice-presidente
deveria trabalhar articulado com a Presidência da República", concorda
Paulo Baía, lembrando-se de casos como o de José Alencar, que acumulou os
cargos de vice e ministro da Defesa durante o governo Lula.
Os dois especialistas concordam que o
vice-presidente é um cargo de suma importância que acaba sendo subestimado
pelos candidatos na hora de fechar alianças e pelos eleitores quando votam.
"No Brasil, há
sempre uma perspectiva do vice assumir, em função do grande número de
mandatários que não termina o governo. Sendo assim, a escolha do vice tem que ser feita com muita cautela, com muito
cuidado", recomenda Baía.
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